terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Justiça em uma doce nuvem




A cozinha deste Arcano é inconfundível.

Limpa.

Organizada.

Cada coisa em seu devido lugar.

Tal e qual a sua dona.

A mulher se aproxima, enquanto você coloca os ingredientes, cuidadosamente, sobre o balcão de mármore, que fica bem no centro do aposento. Ela se senta no banco à frente, ereta, e começa a falar, enquanto você trabalha.

Sim, você vai cozinhar para ela.

E ela conta pequenas coisas, pequenos desagravos, pequenos desprazeres.

- O mundo está completamente de pernas para o ar, ela começa. E fala do século 21 e em como as coisas estão e como isso aumenta o ritmo de trabalho  dela, porque as pessoas perderam o equilibrio. São séculos e séculos e séculos mostrando o que é justiça para as pessoas.

Enquanto ela divaga, você está juntando alguns ingredientes numa travessa funda.

De repente, ela saca a espada, fica admirando e olha para você.

- Você não vai medir isso aí?

Você congela. Toda a sua vida, naquele instante, naquele mesmo momento em que a espada surge - a lâmina brilhante e afiada – se revira e se resume e todos os seus erros e todas as suas mancadas e todos os seus acertos: você se recorda de tudo. Neste momento você entende. Todos querem justiça, o tempo todo. Mas quando ela vem, todos temem, porque não se sabe o resultado, quais as conseqüências. E todo mundo deve alguma coisa e todo mundo sabe: como em cima, embaixo. 

Seus olhos então se fixam no rosto pálido, a expressão dura e fria. Os olhos são pedras cristalinas, os cabelos emoldurando a beleza gélida de um sorriso que não existe. Ela lembra uma das bonecas de porcelana que você admirava na infância, com um misto de terror e deslumbramento, mas o desdém em seu rosto revela que ela é muito mais aterrorizante do que aquelas bonequinhas frágeis. Sua existência é nada para ela, ela não ama ninguém: ela faz o que tem que fazer e não se importa. Você não importa. E nada existe sem ela.

- A balança existe para isso, sabia?

E continua a falar sobre alguma coisa ou outra.

Você ouve e se concentra em terminar o que começou.

Quando termina, você coloca uma nuvem de espuma fria sobre a mesa, enfeitada com uma toalha vermelha e azul.

Ela observa o ritual com alguma curiosidade. E então, se senta.

Quando leva o primeiro bocado aos lábios, seus olhos se fecham, a expressão se derrete e um quase sorriso surge, enquanto ela limpa algo que faz lembrar um floco de neve escapando da boca. 



Saboreie o que a Justiça saboreou!

Nuvem de Ricota

Ingredientes
1 lata de leite condensado
a mesma medida de leite comum
500g de ricota fresca amassada
4 gemas
4 claras em neve
1 colher de café de essência de baunilha
1 xícara de chá de uvas passas sem sementes
Para untar:
manteiga sem sal
Para Polvilhar:
farinha de trigo
Guarnição:
1 xícara de chá de geléia de framboesa
1/3 xícara de chá de vinho branco seco
1/2 xícara de chá de uvas passas sem sementes

Modo de preparo
Numa tigela coloque o leite condensado, o leite, a ricota,as gemas e a baunilha.
Misture muito bem.
Acrescente as uvas passas e as claras batidas em neve, mexendo delicadamente.
Despeje em fôrma para pudim untada com manteiga e polvilhada com farinha detrigo.
Asse em forno por cerca de 55 minutos ou até espetar um palito e este sairseco.
Retire do forno e deixe esfriar.

Prepare a guarnição:
Derreta a geléia em fogo baixo, junte o vinho branco e as uvas passas.
Retire do fogo e deixe esfriar.

Montagem:
Desenforme a nuvem de ricota fria e cubra com a guarnição.


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